O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, suspendeu, por 90 dias, o agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina, Ronaldo Bandeira. O processo teve início depois que um vídeo em que o policial aparece ensinado como fazer tortura usando spray de pimenta em viaturas da corporação viralizou no fim de 2022.

Na época, o agente foi alvo de processo istrativo disciplinar, no qual a PRF chegou a recomendar sua demissão do cargo público, o que acabou não sendo acatado pelo ministro. Nas redes sociais, Ronaldo Bandeira comemorou a decisão, uma vez que foi poupado de ser expulso da corporação.
“Deus seja louvado. Justiça feita parcialmente, mas feita! Apesar da suspensão e saber que sou completamente inocente. Estarei de volta, em breve, a função que mais amo. Neste momento todo peso do mundo sai das minhas costas… Noites sem dormir, remédios controlados, agonia no peito, medo, receio! Só eu sei o que eu ei. Mesmo sabendo que não era culpado por nada, mas Deus é justo e fiel”, escreveu em uma sequência de publicações nos stories do Instagram.
Ao ND Mais, Bandeira afirmou que sempre se dedicou à instituição (PRF) e disse ter a consciência limpa de que não fez nada. “Foi, sim, uma brincadeira jocosa no ano de 2016. E ponto”, ressaltou.
A portaria que determina a suspensão do policial, publicada em edição regular do Diário Oficial da União (DOU) da última segunda-feira (22), diz que o policial “cometeu infração disciplinar prevista regime jurídico dos servidores públicos civis da União, que é a violação do dever de lealdade à instituição Polícia Rodoviária Federal.”
Em nota, a defesa de Bandeira afirma que buscou junto ao Ministério da Justiça “demonstrar os fatos como de fato ocorreram”.
“Nossa defesa foi técnica, nos apegamos às provas dos autos e trabalhamos pela absolvição ou atenuação da penalidade. Conseguimos e seguimos firmes de que defendemos um bom policial que continuará servindo à instituição e à população com honra e dignidade”, concluiu.
Relembre o caso do PRF 2qp3l
Nas imagens que viralizaram nas redes sociais, Bandeira ministrava uma aula em um cursinho, detalhando uma abordagem policial. No vídeo, ele fala sobre uma prisão em que o suspeito estava na parte de trás da viatura.
“O quê que ‘o polícia’ faz? Abre um pouquinho, pega o spray de pimenta e taca! A pessoa fica mansinha. Aí daqui a pouco só escuto assim: Eu vou morrer, eu vou morrer, aí fiquei com pena. Eu abri assim e falei: tortura! Sacanagem, fiz isso não”, disse.
Descrição se assemelha à morte de homem pela PRF 404529
As imagens com a aula do agente aram a repercutir nas redes sociais seis anos depois da morte de Genivaldo de Jesus Santos – o caso não tem relação direta com Bandeira. O homem morreu asfixiado durante uma abordagem da PRF em Sergipe.
O caso repercutiu porque as “técnicas” ensinadas pelo professor se assemelhavam às empregadas pelos agentes envolvidos na abordagem de Genivaldo, que era esquizofrênico e foi abordado em uma blitz policial.
Após o contato com os policiais, o homem foi colocado à força no porta-malas da viatura onde o gás foi jogado. O vídeo que ou a circular na internet revelou os gritos da vítima, que morreu dentro da viatura.