Priscila Cesário Bispo, 27 anos, presa no interior de São Paulo, por agentes catarinenses da Denarc (Divisão Especializada de Combate ao Narcotráfico) e apresentada à imprensa como a “primeira dama do crime”, já não está tão ativa na organização criminosa como antes, quando tinha a segurança do marido, Nelson de Lima, o Setenta, fundador do PGC (Primeiro Grupo Catarinense). Da prisão, Setenta comandava uma rede de traficantes que abastecia Florianópolis com cocaína. Parte do dinheiro do tráfico, segundo policiais que investigaram a movimentação de Setenta nos anos 1990, ia para os cofres do PGC.
Na época, Setenta organizava o tráfico de dentro de um presídio de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Além da mulher, seu braço direito, ele tinha como colaboradores Wilson Pereira – disciplina do PGC -, a namorada Chellen Moana de Jesus, Antônio José de Barros, boliviano Valter Alejandro Benton Castedo e Josimar Gonlçaves.
No dia 25 de junho de 2009, Priscila e Josimar foram presos na avenida Beira-Mar Norte, transportando cinco quilos de cocaína. O restante do grupo tinha sido capturado um dia antes, nas proximidades de uma loja de departamento na BR-282, em Florianópolis. Com o ar do tempo, Setenta foi expulso do PGC e ficou sem força na hierarquia do crime. A mulher foi condenada à revelia a cinco anos de prisão e, ao saber da sentença, fugiu para o interior de São Paulo.
O delegado da Denarc, João Adolpho Fleury Castilho, investiga uma possível ligação entre Priscila e a organização criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) como Setenta defendia naquela época na cadeia. “Ele queria a junção das duas facções, porque no presídio de Campo Grande havia muitos integrantes do PCC. Mas os presos catarinenses eram contrários a estratégia”, contou um experiente delegado, que por muitos anos investigou Setenta e o PGC.
Por causa desta tentativa frustada e de problemas financeiros no caixa do PGC, Setenta foi expulso da organização. A decisão teria sido adotada pelos Primeiro e Segundo Ministérios, que decidem o rumo da organização. O local em que Priscila está não foi divulgado por motivos de segurança, disse o delegado Fleury.