Soa estranho e gera dúvidas o silêncio do Exército Brasileiro, uma instituição imprescindível, respeitada e irada, após acidente com o caminhão do 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau, que resultou na morte de três jovens soldados de 18, 19 e 20 anos, e 38 militares ficaram feridos. E desde o dia da ocorrência, na última quarta-feira (16), a instituição se comunica somente por nota oficial, sem muitas explicações, e famílias de recrutas apelam para voltar a ter um simples contato com os jovens, que estão no quartel.

Os pais dos recrutas tiveram um rápido contato com os filhos após o acidente. Alguns pessoalmente, outros por telefone. Isso ocorreu com os soldados que estavam no caminhão acidentado e os demais que estavam em outros veículos do comboio, que seguia para o treinamento no centro de treinamento do 23º BI.
Depois disso, os militares permaneceram no quartel e alguns pais relatam aflição e nervosismo com a situação. Os filhos não podem usar o celular e continuam as atividades no batalhão, sem poder manter mais contato com as famílias, mesmo após o trauma do trágico acidente .
Sensibilidade é fundamental 37264q
A corporação tem suas regras específicas e rígidas. E é preciso dar toda razão, afinal, é uma instituição responsável pela segurança nacional. Porém, é necessário mais sensibilidade em alguns casos, a exemplo do grave acidente em Blumenau. É também necessário pensar na aflição dos pais nesta hora. Os soldados não estavam em uma missão ou em uma guerra, foi um acidente de trânsito.
É preciso de empatia. Jovens deixam suas famílias para entrar no Exército e nos primeiros dias longe dos pais caem com o caminhão da corporação em uma ribanceira de 20 metros de altura. Mortes e feridos são registrados. E a instituição mantém o silêncio, afinal, não prestam entrevistas à imprensa.
O Exército diz, por nota oficial, que está prestando apoio às vítimas e famílias, mas as próprias famílias não conseguem falar, mais vezes, com os soldados envolvidos com toda a tensão do acidente.
Bloqueio para reportagem 4q186c
O Exército informou que abriu inquérito para apurar as causas do acidente. Porém, por que não falar com a imprensa? Aliás, as equipes de reportagem, incluindo a da NDTV, foram impedidas de subir o morro do local do acidente nesta quarta-feira (17). A explicação foi que atrapalharia a retirada do caminhão da ribanceira. Mas nem a pé deixaram subir. Por que? Os demais conseguiam ar.
Um inquérito foi aberto pelo Exército para apurar as causas do acidente, mas em um grave acidente não seria prudente chamar uma coletiva de imprensa e rear o que já se sabe sobre a ocorrência? Até para evitar impressões equivocadas e boatos. Relatos já levantam algumas possibilidades, mas qual é a versão do Exército? Não se sabe.
Solidariedade e humanidade bnz
Por outro lado, foi possível ver a solidariedade e o lado humano do Exército Brasileiro nas despedidas dos jovens soldados que perderam a vida. A mesma sensibilidade deveria se adotar no tratamento com os pais dos demais recrutas, que gostariam de estar mais próximos dos filhos neste momento. O aconchego da família, numa hora como essa, é o melhor local para estes jovens após o susto desta semana.
