O pós-pandemia exigirá uma rápida adaptação em todos os níveis de mercado, com foco em uma comunicação mais dinâmica e na qualificação profissional alinhada com demandas cada vez mais atreladas à inovação e tecnologia. Nesse processo, a automação e a inteligência artificial são ferramentas fundamentais.
“Aqueles que conseguiram se adaptar rapidamente estão surfando uma boa onda, que é de estar com a casa cheia e correr para capacitação, contratação de pessoal e compra de equipamentos para dar conta de toda a demanda”, afirma o diretor de Engenharia e Inovação Tecnológica da WEG, Rodrigo Fumo Fernandes. A inovação aberta, por exemplo, é um dos caminhos para vencer esses desafios.

Quais são os maiores gargalos no setor da indústria? 6o4v6r
Com a questão da pandemia, o que a gente vê bastante é a necessidade de comunicação digital e a digitalização de maneira em geral. Com o retorno da economia, a gente percebe a necessidade dessa rápida adaptação do mercado de trabalho e das pessoas, principalmente no segmento da programação, inteligência artificial, isso evoluiu potencialmente no último ano.
Logicamente, gerou uma série de oportunidades na indústria e, por mais otimista que boa parte dessa área estivesse com o retorno ou um recuperação, a partir do momento que a pandemia vai se estabilizando, o mercado se mostrou mais aquecido do que se esperava. Gerou um problema bom para boa parte daqueles que conseguiram se adaptar rapidamente. Ao longo do caminho, muitos negócios acabaram sofrendo. Aqueles que conseguiram se adaptar rapidamente estão surfando uma boa onda, que é de estar com a casa cheia e correr para capacitação, contratação de pessoal e compra de equipamentos para dar conta de toda a demanda. No caso aqui da WEG de Jaraguá, a gente vê, principalmente no Brasil, como a gente está correndo atrás da máquina para conseguir dar conta de toda a demanda que a gente atraiu. Lógico, uma parte fica no Brasil e a outra é exportada, mas as nossas plantas de maneira geral, tanto no Brasil quanto no exterior, estão lotadas de capacidade.
Como é possível encaminhar uma solução para o problema da falta de mão de obra? 485p2d
Um dos pontos muito interessantes é a capacitação da mão de obra. Isso pode vir por meio das universidades, dos centros de estudo, pode vir pelo Senai, que treina e acelera o conhecimento. Hoje, temos demandas que não necessariamente precisam de uma graduação, pode ser um curso técnico, pode ser um curso de especialização. Tem muita coisa online que as pessoas podem estar buscando para poder, rapidamente, se recolocar no mercado de trabalho. No ponto de vista do que a Weg fez em algumas das deficiência que nós estávamos tendo de mão de obra, nós intensificamos alguns treinamentos internos, criamos recentemente um programa de capacitação de 30 profissionais em inteligência artificial, que é algo novo no mercado. Vemos uma demanda exponencial nesse tipo de conhecimento, para ganhar produtividade e aumentar a competitividade na empresa. Então, parte da qualificação pode vir por meio dos institutos de educação, universidades e afins, e outra parte a própria empresa pode se organizar para prever o treinamento e elevar o conhecimento da equipe.
É uma questão de tempo para as empresas apresentarem um novo perfil de empregos? 57235x
O que a gente vê é um dinamismo tão grande da economia que, até 2019, estava indo tudo bem, chega 2020, vem a pandemia e vira tudo de cabeça pra baixo. Tudo aquilo que era de viagem, negócio, método educacional, teve que ser reinventado. Com isso, mudou a necessidade de muitos dos profissionais da indústria, principalmente nessa parte de software, indústria 4.0, trabalho colaborativo em diferentes localidades, não necessariamente no mesmo ambiente físico, isso mudou a forma da gente trabalhar. Acho que muita coisa acabou facilitando, por exemplo, hoje tenho equipes no mundo inteiro, consigo rapidamente conectar com as equipes que estão nas Américas, Europa, África e Ásia numa reunião de 1h15. Rapidamente alinho com todo mundo, isso trouxe um dinamismo muito maior, acelera muito o processo dentro da empresa. Só que, em contrapartida, se você acelera mais, você captura mais oportunidade de negócio, se captura mais oportunidade de negócio, precisa de mais velocidade, então, fica um círculo virtuoso de melhoria contínua. Gera uma briga mais acirrada por profissionais, acaba faltando no mercado, é uma briga de um segmento tentando puxar o profissional para outro ambiente, esse é o nosso desafio.
Como conseguir acelerar? 5e1p6g
Um dos aspectos fundamentais é inovar. Isso vale pra qualquer negócio, e isso é muito forte na cultura do Estado, nas várias empresas, e a cultura da WEG é muito forte nesse sentido. No último ano, nós aceleramos muito nesse processo de inovação e no processo de empreender, não só no Brasil quanto também no interior. É uma forma de ganhar competitividade da WEG como um todo, uma parte do esforço sai da matriz, que é onde está a maior parte dos profissionais, mas um terço do nosso corpo de funcionários está no exterior, então uma parte vem de lá também.
Quais os impactos da nova legislação do marco regulatório do saneamento básico para a companhia? 3u6d5
O marco regulatório do saneamento básico vai gerar para o Brasil um benefício bastante grande de tratamento de água e esgoto. Também para a empresa, pois abre uma oportunidade de modernização e venda de mais produtos. Então, pode entrar produtos eletroeletrônicos, que são os nossos, motor elétrico, transformador, máquinas de grande porte, geradores, temos também toda a parte de indústria 4.0, que é o sensoriamento de todos esses equipamentos que estão indo a campo e com isso, logicamente, acaba puxando uma série de benefícios. Uma vez que você está instalando um novo sistema de tratamento de água e efluentes, precisa de infraestrutura, estrada, energia elétrica, então acaba gerando uma série de efeitos positivos para as pessoas e para a economia. É importante ter o marco para dizer o seguinte: ‘é isso aqui que a gente quer e para onde nós vamos’. Com a pandemia, os projetos de grande infraestrutura acabam tomando um pouco mais tempo, a tensão foi um pouco maior no sentido de controlar a pandemia, entendo isso. Agora é importante estimular a indústria do país, tem muita oportunidade para as empresas brasileiras para ajuda a construir esse projeto e crescer também.
Quais avanços teremos na fase pós-pandemia? 1o4h5k
Bastante avanço. Vemos muitos dos projetos que estavam engavetados começando a se tornar realidade, alguns projetos de geração de energia, tem muita coisa que foi acelerada nesse período. Nós fechamos uma série de pacotes de usinas eólicas e solares e está indo muito bem, com uma ampliação e um conhecimento acelerado, acima das expectativas mais otimistas. Então, vemos isso como projetos que vem sendo viabilizados e, de maneira geral, mostra uma tendência de recuperação da economia, de aceleração.
Quais tecnologias podem surgir nos próximos anos? 4s1d1d
Na evolução tecnológica, a WEG tem investido não só no Brasil, como também no mundo inteiro. A fábrica do México tem recebido bastante aporte de capacitação, a fábrica da China é uma das mais modernas do mundo, nossa posição forte continua sendo aqui no Brasil. Motores de alta eficiência é um dos grandes temas da WEG, com uma preocupação com a menor emissão de carbono, de ter mais sustentabilidade nas ações que a gente tem no dia a dia, reduzir e reutilizar. Ainda que isso seja bem forte no DNA da empresa, a gente acelerou muito esse processo. Nós estamos buscando um programa de inovação aberto, recentemente lançamos até um desafio no mercado, que é o uso de materiais alternativos para as nossas embalagens, hoje nós usamos madeira. A WEG tem as próprias florestas, planta, tem as áreas de cultivo, ou seja, tudo que a gente usa hoje é produzido pela WEG. Mas a gente vê a empresa crescendo muito mais e nós vamos ter uma demanda maior. Uma preocupação com a sustentabilidade é estar pensando o seguinte: quem é que faz nosso próprio corpo técnico, quem é que pode ajudar na área de inovação aberta e buscar alternativas e soluções que sejam mais ecologicamente sustentáveis? É uma maneira de ganhar velocidade nos processos não só usar nosso corpo técnico, somos 33 mil funcionários, em torno de 3.500 engenheiros, mas a partir do momento que a gente abre uma oportunidade dessa para o mercado, o nosso corpo de engenheiros se torna 10 mil, 15 mil. Então é uma maneira de acelerar e a gente vê isso com potencial.
Como você vê Santa Catarina no setor de inovações, das indústrias? Ter a WEG aqui puxa uma concorrência que ajuda a manter o Estado no topo do Brasil nesse cenário? 694y66
O Estado de Santa Catarina é muito peculiar por ter empresas de grande porte e grande relevância. Nós temos aqui em Jaraguá do Sul a Malwee, a CSN, em ville, a Tigre, Docol… nós temos aí uma série de empresas que acabam puxando essa arrecadação e, lógico, torna uma competição saudável, para ver quem é que consegue atrair mais, quem consegue lançar produtos mais inovadores. Em Florianópolis, o Sapiens Park é uma pegada diferente, já que não pode ter indústria dentro daquela região, mas pode ter software, que é uma grande tendência mundial. Então, Santa Catarina está bem localizada geograficamente, em linhas gerais, tem uma mão de obra muito boa, e com essas empresas todas, principalmente a mentalidade da internacionalização, não só pelo mercado nacional, mas brigar por oportunidades no exterior, traz um cenário bem positivo para o Estado. A qualidade de vida é boa, tem uma mão de obra qualificada e boas empresas de maneira geral. Isso nos coloca em um patamar muito importante.