Cientistas de Florianópolis revolucionam uso da nanotecnologia em um mercado de oportunidades

Reportagem do ND+ conversou com empresárias e cientistas sobre projetos que utilizam a nanotecnologia em favor de melhorias para a sociedade

A ciência é realmente impressionante e “de cair o queixo”, como uma verdadeira explosão de conhecimento. Com alguns equipamentos e muita curiosidade, cientistas descobrem os segredos do universo e facilitam cada dia mais o cotidiano.

Uma prova disso é a nanotecnologia, que está ganhando cada vez mais espaço em Santa Catarina. Para explicar, de uma maneira simples, a nanotecnologia é o estudo de manipulação da matéria numa escala atômica e molecular.

Traduzindo, é a ciência e tecnologia que foca nas propriedades especiais dos materiais nanométricos. Com isso é possível criar materiais, produtos e processos novos a partir da capacidade de ver e manipular átomos e moléculas.

Entenda o que é a nanotecnologia – Foto: Pixabay/Divulgação/NDEntenda o que é a nanotecnologia – Foto: Pixabay/Divulgação/ND

Cientificamente falando, nesta escala, é possível aumentar algumas propriedades da matéria, como, por exemplo, no caso de um ímã. A nanotecnologia faz com que algumas características do material sejam potencializadas ou faz com que o tenha outras características.

“Se um ímã de 1 cm consegue puxar o mouse. Em nanoescala, ele pode puxar uma caixa gigante”, diz a cientista Valéria Oliveira, da empresa Nanoativa, de Florianópolis.

Segundo a pesquisadora, cada objeto tem o nível molecular já estudado e o que se busca é entender as formas de aplicar o efeito desejado para ser comercializado e que não seja caro.

“É preciso saber manipular as partes para que se consiga trabalhar com elas separadas e não todas juntas, aponta Valéria.

Luminária Nanoativa é criada em Florianópolis

Cientistas Valéria Oliveira e Lucilene de Souza mostram a Luminária Nanoativa que utiliza nanotecnologiaAs cientistas Valéria Oliveira e Lucilene de Souza com a luminária nanoativa – Foto: Valéria Oliveira/ Arquivo

Em Florianópolis, em parceria com a professora Lucilene de Souza, a cientista Valéria Oliveira criou uma luminária nanoativa, utilizado para esterilização do ar e de superfícies. Como efeito colateral, o aparelho ajuda a melhorar a saúde do sistema respiratório.

Outra aplicação do produto é o prolongamento da vida de alimentos frescos como frutas e verduras, que aumenta a vida útil devido à esterilização suas superfícies.

Confira a luminária  – Vídeo: Reprodução/Bruno Benetti

E uma terceira forma de usar, ainda em fase de validação, é para o tratamento de feridas e doenças de pele. Para esse fim, o produto ainda não é comercializado. Oliveira conta que está em busca de parcerias para poder viabilizar o projeto.

Conforme a pesquisadora, quando se degrada, a molécula vira apenas água e oxigênio e não outro produto tóxico. Na desinfecção, a molécula realiza a oxidação (combustão) no microorganismos e sobra apenas CO₂ e água.

Valéria Oliveira explica que a nanotecnologia está no plástico e quando ligada à energia elétrica, ele capta a água e oxigênio que estão no ar, como se fosse um reator, e forma a molécula de peróxido de hidrogênio e jogando para o ambiente.

Capital da Nanotecnologia

Florianópolis “dá show” de nanotecnologia – Foto: Leo Munhoz/NDFlorianópolis “dá show” de nanotecnologia – Foto: Leo Munhoz/ND

Há quatro anos, Florianópolis foi reconhecida como a Capital Nacional da Nanotecnologia e Novos Materiais pelo Senado. Na época, o relator do projeto havia sido o então senador, Dário Berger, que argumentou:

“O setor de nanotecnologia foi incluído entre os principais eixos do Plano de Desenvolvimento de Florianópolis. O município já possui empresas que são referências mundiais, além de um conjunto significativo de pesquisas e projetos relacionados ao tema nas universidades”, que afirmou que Florianópolis foi precursora na instalação do primeiro arranjo promotor de inovação em nanotecnologia do país.

Para a diretora do GT mulheres Acate e vice-presidente de integração da Acate e fundadora da empresa Nanovetores, Betina Zanetti Ramos, “a nanotecnologia é uma ciência muito multidisciplinar” e pode ser encontrada em vários segmentos industriais como áreas da saúde, agricultura, eletroeletrônica entre outras.

“Há setores industriais que já tem o uso da nanotecnologia como o setor da saúde, setor agro, na parte veterinária e a área têxtil, que se beneficia bastante de inovações de nanotecnologia, além de área de TI (Tecnologia de Informação), que começa a usufruir dessa tecnologia”.

Pode reduzir efeitos colaterais de medicamentos

A Nanovetores, fundada por Betina Ramos em 2008, em Florianópolis, tem atuação em mais de 50 países e é focada na área de cosméticos, mas também contempla aplicações e desenvolvimentos de tecnologia na área têxtil, veterinária e odontológica com produtos disponíveis no mercado.

Segundo Betina, há aplicações da nanotecnologia na área de fármacos antitumorais usados para o tratamento de câncer, pois “a nanotecnologia consegue direcionar o ativo para o alvo de ação, reduzindo os efeitos colaterais dos medicamentos e dosagens durante o dia”, explica.

Ainda segundo ela, na área da saúde, o sistema de encapsulação é um dos focos da sua empresa.

“Usamos a nanotecnologia para proteger cosméticos, fazendo com que se tornem mais eficazes, e protegidos de processos de oxidação, de interação com material de embalagem, com outros componentes de formulação cosmética e outra frente importante é que melhoramos o perfil de  permeação desses ativos, com isso, temos incremento fantástico em termos de eficácia dos produtos”, garante.

Betina Ramos, da empresa Nanovetores – Foto: Betina Ramos/ArquivoBetina Ramos, da empresa Nanovetores – Foto: Betina Ramos/Arquivo

Tecnologia limpa: nada de solventes

O processo de trabalho da empresa com tecnologia limpa é baseado em química verde e água.

“Trabalhamos com tecnologia limpa, baseada em química verde, que não usa solventes orgânicos, como etanol e acetona, que não são tão seguros como a água”.

“A empresa usa água nesses processos produtivos, fazendo com que tenhamos uma segurança importante para quem trabalha produzindo a tecnologia e para quem consome os produtos”, aponta.

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