
Os roubos de carga no Brasil representam um grande desafio para o setor de transportes. Para se ter uma ideia, em 2024, eles resultaram em um prejuízo direto de R$ 325 milhões apenas no estado do Rio de Janeiro, conforme o estudo “Panorama do roubo de carga no Rio de Janeiro” da Firjan.
Além das perdas diretas, as empresas enfrentam custos indiretos com segurança privada e seguros, e dois terços dos empresários afirmam que a segurança impacta suas decisões de investimento, segundo a FENATAC (Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas & Logística).
A adoção de tecnologias avançadas, como sistemas de monitoramento por GPS e câmeras de segurança com inteligência artificial, tem se mostrado relevante para aumentar a segurança das operações logísticas.
Cenário no Brasil 1x1x3v
Durante a pandemia de Covid-19, registrou-se um aumento nas ocorrências nas principais rodovias do país. A região Sudeste, liderada por São Paulo e Rio de Janeiro, concentrou 80% dos roubos. Em 2021, os roubos de carga geraram prejuízos anuais que ultraam R$ 1,2 bilhão no Brasil, de acordo com pesquisa da NTC&Logística.
Porém, em 2024 houve uma queda nos números. De acordo com a CNT (Confederação Nacional do Transporte), o país observou uma redução expressiva nos roubos de cargas, um fenômeno que se alinha à nova legislação sobre seguros que entrou em vigor.
Entre janeiro e julho de 2024, foram contabilizadas 5.527 ocorrências, resultando em uma redução superior a 11% em comparação ao mesmo período de 2023. A legislação, que ou a exigir que os transportadores contratem seguros de responsabilidade civil e escolham um Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR), tem contribuído para aumentar a segurança nas operações logísticas.
Embora a diminuição no número de roubos seja um avanço positivo, a CNT reforça que as taxas ainda são elevadas e que é essencial que o governo continue a investir em medidas de segurança para combater esse crime.
O impacto econômico desse tipo de crime vai além das perdas diretas das mercadorias, visto que afeta toda a cadeia produtiva, desde fabricantes até consumidores finais.
Principais medidas de prevenção 10h8
A implementação de medidas preventivas integradas contra roubos de carga demanda uma combinação de práticas de segurança, tecnologias avançadas e proteção financeira. Como envolve toda a operação logística, estas estratégias trabalham em conjunto para minimizar vulnerabilidades.
Práticas de segurança e gerenciamento de riscos 1h1i6
O combate aos roubos de carga começa com o treinamento especializado das equipes de transporte. Os motoristas recebem capacitação para protocolos de emergência.
A análise prévia de rotas reduz a exposição a riscos, com o mapeamento de áreas sensíveis e pontos de parada seguros. As empresas de transporte podem estabelecer centros de controle operacional que coordenam ações preventivas e respostas a incidentes.
Uma prática importante é a realização de análises de risco regulares, que ajudam a identificar áreas e rotas mais vulneráveis a roubos. Com base nessas análises, as empresas podem desenvolver planos de contingência que incluam ações específicas a serem tomadas em situações de emergência.
Além disso, a instalação de câmeras de segurança em pontos estratégicos, como garagens e áreas de carga e descarga, contribui para a vigilância constante e a coleta de evidências em caso de roubo.
A colaboração com as autoridades locais e o compartilhamento de informações sobre atividades criminosas também são essenciais para fortalecer a segurança.
Tecnologias de monitoramento e rastreamento 5x5x41
Sistemas de GPS e telemetria permitem o acompanhamento em tempo real dos veículos e das cargas, possibilitando que as empresas tenham visibilidade constante sobre a localização e o status de suas entregas.

Essas tecnologias facilitam a recuperação de cargas em caso de roubo e também permitem uma resposta rápida quando necessário, acionando as autoridades competentes imediatamente ao detectar desvios de rota ou paradas não autorizadas.
Além disso, o uso de sensores de movimento e dispositivos de alarme integrados pode alertar os operadores sobre atividades suspeitas. Sensores inteligentes nos caminhões, por exemplo, detectam abertura não autorizada de portas e alterações na temperatura da carga. A inteligência artificial analisa padrões de comportamento e emite alertas preventivos.
Outra inovação na área de monitoramento é a utilização de câmeras de segurança conectadas a sistemas de inteligência artificial, que podem analisar comportamentos em tempo real e identificar situações de risco.
Esses sistemas podem ser instalados em pontos estratégicos, como armazéns e terminais de carga, para garantir uma vigilância contínua. A análise de dados coletados por essas tecnologias ajuda as empresas a identificar padrões de roubo e a desenvolver estratégias proativas para mitigação de riscos.
Seguros e cobertura de riscos r1w3f
Os seguros são componentes fundamentais na prevenção de roubos de carga, pois oferecem uma proteção financeira que pode minimizar os impactos de perdas decorrentes de incidentes.
As apólices de seguro para transporte de cargas podem ser personalizadas para atender às necessidades específicas de cada empresa, cobrindo não apenas o valor das mercadorias, mas também custos associados a interrupções operacionais, responsabilidade civil e danos a terceiros.
Assim, as empresas garantem que, em caso de roubo ou perda de mercadorias, poderão se recuperar financeiramente. Em geral, as coberturas incluem roubo, acidentes e avarias durante o trajeto.
Além disso, o seguro de responsabilidade civil protege as transportadoras contra reclamações de terceiros. Vale lembrar que as seguradoras estabelecem requisitos mínimos de segurança, incentivando a adoção de medidas preventivas pelas transportadoras.
Legislação e normas aplicáveis 6dd27
O Código Penal brasileiro tipifica os roubos de carga no artigo 157, com penas que variam de 4 a 10 anos de reclusão. O parágrafo 2º trata do crime de roubo, definindo as circunstâncias que agravam a pena para os infratores.
Ele estabelece que a pena pode ser aumentada em um terço até a metade em diversas situações. Por exemplo, quando a violência ou ameaça é realizada com o uso de uma arma, quando duas ou mais pessoas participam do crime ou se a vítima está em serviço de transporte de valores.
Além disso, o aumento da pena também se aplica em casos de subtração de veículos automotores destinados a serem transportados para outro estado ou para o exterior e quando o agente restringe a liberdade da vítima.
Já o decreto 8.614/15 regulamenta a Política Nacional de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas, conforme a Lei Complementar nº 121 de 2006, e estabelece uma série de diretrizes e objetivos para combater esses crimes em todo o território nacional.
Entre as principais iniciativas, a lei busca criar planos e estratégias de ação que integrem os esforços de diferentes órgãos de segurança em níveis federal, estadual e municipal, promovendo a capacitação das equipes envolvidas na prevenção e repressão a esses delitos.
Além disso, a legislação incentiva a modernização dos sistemas de monitoramento e a implementação de protocolos de segurança na cadeia logística, além de desenvolver campanhas de conscientização para transportadores e proprietários sobre práticas seguras.
O Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas é coordenado pelo Comitê Gestor da Política Nacional, que define diretrizes e normas para a atuação dos órgãos envolvidos.
Entre os principais instrumentos do sistema estão o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) e outros sistemas que visam monitorar e rastrear veículos e mercadorias, todos normatizados pelo Comitê Gestor.
Além disso, o Sinesp é responsável por criar e manter um banco de dados nacional que registra roubos e furtos de cargas, disponibilizando essas informações para as autoridades policiais que fazem parte do sistema.