Açores e o ecoturismo, uma sinergia bem-sucedida 5k5x1p

Arquipélago detêm a condição de único arquipélago do mundo com o selo “Destino Turístico Sustentável”, graças a ações que focaram em pessoas com interesse especial no meio ambiente 5k401b

Boa parte da pujança atual do arquipélago dos Açores tem relação com o turismo, porque a região se tornou ainda mais atrativa e as opções de deslocamento aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Contudo, contribui muito para esse cenário o tipo de alternativas que as ilhas oferecem – para além da observação e usufruto das belezas naturais e das peculiaridades de cada sítio ou cidade em particular. O caráter sustentável e não convencional da atividade contou bastante para que os turistas mais exigentes e de bom poder aquisitivo incluíssem os Açores em seus projetos de viagem.

De fato, enfrentar o caos dos aeroportos e viajar horas do centro ou norte da Europa, por exemplo, para ver a cratera de um vulcão extinto ou apreciar a beleza das lagoas da ilha de São Miguel parece não ser suficiente para conquistar visitantes em número cada vez maior. O governo regional e os empreendedores do trade turístico investiram no ecoturismo e na sustentabilidade para fazer do arquipélago um destino diferenciado – ainda que haja outros, pelo mundo a fora, com idêntico apelo e infraestrutura disponível.

Governo e os empreendedores do trade turístico investiram no ecoturismo e na sustentabilidade para fazer do arquipélago um destino diferenciado – Foto: Divulgação/NDGoverno e os empreendedores do trade turístico investiram no ecoturismo e na sustentabilidade para fazer do arquipélago um destino diferenciado – Foto: Divulgação/ND

Os Açores detêm a condição de único arquipélago do mundo com o selo “Destino Turístico Sustentável”, graças a ações que focaram em pessoas com interesse especial no meio ambiente, conservação e sustentabilidade, e também nos “ecoturistas dedicados”, com curiosidade científica ou vocação ambientalista. O resultado é que o arquipélago experimentou um aumento de 145% no volume de hospedagens entre 2014 e 2019, com destaque para a ilha de São Miguel, onde o incremento chegou a 176%. No quinquênio anterior, quando esse tipo de demanda era menor, o número de hóspedes havia subido apenas 11%.

No arquipélago, chama a atenção a diversidade de opções oferecidas ao turista, graças à generosidade da natureza e à visão e dos gestores públicos e privados. Do mergulho e observação de baleias às festas religiosas, ando pela variedade de esportes radicais que as ilhas proporcionam, tudo conta para atrair gente de fora disposta a gastar seus euros nos Açores. Ali é possível jogar golfe, surfar, fazer pesca desportiva, voar de parapente e praticar windsurfe, canoagem, rally, mountain bike e bodyboard.

De quebra, pode-se optar pela observação de pássaros, fazer trilha e caminhadas e, com sorte, chegar durante as festas sanjoaninas, em junho, ou na época da brincadeira do boi na corda. O culto ao Divino Espírito Santo e ao Santo Cristo dos Milagres continua trazendo milhares de fieis que moram nos Estados Unidos e Canadá, para onde se deu a mais recente emigração, a partir de meados do século ado, como parte da longa diáspora do povo açoriano pelo mundo.

Pesquisas têm mostrado que os turistas europeus e norte-americanos que procuram os Açores estão atrás de sossego e contato com a natureza – Foto: Divulgação/NDPesquisas têm mostrado que os turistas europeus e norte-americanos que procuram os Açores estão atrás de sossego e contato com a natureza – Foto: Divulgação/ND

O paraíso das grandes experiências

Quando esteve Florianópolis, em outubro, para participar do Workshop Internacional de Turismo e Negócios, o presidente da Câmara Municipal de Velas (ilha de São Jorge), Luiz Virgílio da Silveira, destacou que “os Açores são considerados o melhor lugar do mundo para esportes de natureza e radicais e também o melhor sítio da Europa em turismo sustentável em termos ambientais”. É o suprassumo do que hoje se denomina de “turismo de experiências”, com opções que se repetem ou se alternam, dependendo da ilha ou local visitado.

O presidente da Associação de Turismo dos Açores, Carlos Morais, destaca a atratividade que o arquipélago exerce sobre o mundo. “Somos as únicas ilhas certificadas pela sustentabilidade”, afirma. “Temos mantido a nossa identidade natural e cultural. E essa notoriedade nos mercados internacionais, sejam europeus, dos Estados Unidos ou do Canadá, tem dado os seus frutos. Especialmente este ano, em que temos novas companhias aéreas e novas rotas para Ponta Delgada e para a Terceira”.

Pesquisas têm mostrado que os turistas europeus e norte-americanos que procuram os Açores estão atrás de sossego e contato com a natureza – coisas nas quais o arquipélago é pródigo demais. A ilha de São Miguel, a mais populosa, é também a que tem a vida social e cultural mais agitada, mas não faltam ali belíssimas lagoas, cavernas vulcânicas, fumarolas (emanações de vapor de água e gases em aberturas na crosta terrestre, geralmente em áreas de vulcanismo ativo) e recantos que atendem totalmente à expectativa dos visitantes. As demais ilhas, com menos moradores, têm uma natureza mais bucólica e que convida ao descanso e à tranquilidade.

Um mundo de atrações, da natureza à gastronomia

Ainda que a demanda dos turistas por atividades ligadas à natureza tenha crescido nos anos mais recentes (busca por esportes radicais e a exploração de sítios naturais e arqueológicos, por exemplo), há ícones que nenhum guia teria a coragem de dispensar ao falar das atrações dos Açores. Impossível não citar a ilha do Pico e seu cume, que domina a paisagem e que, se pode ser visto de boa parte do arquipélago, também oferece vistas das ilhas da Graciosa, Faial, São Jorge e Terceira. Com 2.531 metros de altitude, é o ponto mais alto de Portugal e pode ser escalado numa caminhada de três horas.

As Sete Cidades, na ilha de São Miguel, estão entre as paisagens mais fotografadas dos Açores, com duas lagoas – uma “verde”, outra “azul” – que ocupam uma cratera vulcânica com 12 quilômetros de diâmetro. Elas estão acima do nível do mar e podem ser apreciadas a partir de mirantes que permitem uma vista completa de todo o cenário grandioso que as rodeia. Há ali uma pequena freguesia de raízes lendárias com uma igreja (de São Nicolau) construída em 1852 em estilo neogótico.

Na ilha das Flores, destaque para a cascata do Poço do Bacalhau, com 90 metros de altura e um entorno com casas típicas de pedra e muralhas baixas e extensas que convidam a um mergulho nos meses mais quentes do ano. A serra do Cume, na ilha Terceira, mostra de cima um conjunto de campos cultivados que simula uma colcha de retalhos bastante difundida como imagem da pujança agrícola do arquipélago.

A lagoa do Caldeirão, na ilha do Corvo, atrai porque se presta justamente ao contato íntimo com a natureza que vem conquistando cada vez mais os visitantes dos Açores. O lugar ocupa o que foi a cratera do vulcão responsável pelo surgimento da ilha. No Faial, uma atração é o vulcão dos Capelinhos, que aumentou a ilha a partir da erupção de 1957 e provocou uma emigração em massa para a América do Norte, depois que o presidente John F. Kennedy abriu as portas dos Estados Unidos para famílias açorianas assustadas com o fenômeno natural, cuja atividade se estendeu por cerca de um ano.

Há muitas outros atrativos nos Açores que entram no caderno dos turistas que se dirigem ao arquipélago. A gastronomia é rica e varia de uma ilha para outra, oferecendo caldeiradas de peixe, mariscos, polvo, carnes diversas, sopas de diferentes tipos, queijadas, bolos e frutas como o ananás, a uva e o maracujá. O café, o chá e os vinhos são de ótima qualidade – estes últimos exportados para muitos países. Tudo o mais – o artesanato, a arquitetura, os ritos e festas religiosas, a produção artística e literária – compõe a alma açoriana, cada vez mais aberta para o mundo.

Pesquisa recente mostrou que 0,9% das pessoas que procuram o arquipélago para trabalhar ou estudar são brasileiros – Foto: Divulgação/NDPesquisa recente mostrou que 0,9% das pessoas que procuram o arquipélago para trabalhar ou estudar são brasileiros – Foto: Divulgação/ND

Novas rotas aéreas para o arquipélago

Portugueses do continente, seguidos de norte-americanos e canadenses, respondem pela grande maioria dos visitantes dos Açores. Pesquisa recente mostrou que 0,9% das pessoas que procuram o arquipélago para trabalhar ou estudar são brasileiros. Uma aproximação com o Brasil – e com os Estados do Sul, em especial – foi tema dos debates no Workshop Internacional de Turismo e Negócios realizado em Florianópolis. Uma das propostas é criar uma linha aérea semanal entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina e os Açores, assunto que está sendo estudado e que pode ter novidades em 2023.

Atualmente, além das operações feitas pela companhia aérea TAP ligando o arquipélago a Portugal continental, e daquelas garantidas por companhias norte-americanas para os Estados Unidos e Canadá, existem as rotas da Lufthansa, Swiss e Iberia aproximando os Açores da Alemanha, Suíça e Espanha. As ligações mais recentes são Londres–Ponta Delgada, Londres–Terceira (ambas da British Airways), Paris–Ponta Delgada (Transavia), Amsterdã–Ponta Delgada (Transavia), Zurique–Ponta Delgada (Edelweiss) e Nova Yok–Ponta Delgada (United Airlines).

Em recente entrevista, a secretária regional de Turismo, Mobilidade e Infraestrutura dos Açores, Berta Cabral, defendeu a maior promoção de eventos fora da temporada de verão e a apoio a eventos de natureza e aventura como forma de incrementar o turismo no arquipélago português. A recuperação do setor de hospedagens, que em setembro superou o número anterior à pandemia, já é motivo de júbilo entre autoridades e agentes turísticos.

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