O inverno acabou de nos deixar oficialmente, abrindo as portas para a estação florida e colorida: a primavera. Junto com as temperaturas amenas chega o momento mais propício do ano para cultivar flores e investir em um belo jardim.

O ND+ conversou com o biólogo Anderson Kassner Filho para entender o comportamento das flores nativas de Santa Catarina e trazer dicas para você cuidar dessas belezas naturais da melhor forma. Se você pretende morar pelo Estado, fique atento às condições encontradas por aqui.
Anderson atua desde 2017 como botânico no projeto FlorestaSC, um programa do governo estadual, coordenado pela Furb (Universidade Regional de Blumenau), que estuda florestas e espécies nativas em solo catarinense.
“Temos várias espécies nativas com flores muito bonitas e de potencial ornamental em Santa Catarina. Porém, como de costume, utilizamos mais as plantas exóticas em nossos jardins, pois elas já têm o cultivo melhor estabelecido”, garante Anderson. Ele conta como os nossos campos naturais, com espécies herbáceas, trazem uma infinidade de belas e coloridas flores.
O biólogo foi quem descobriu uma nova espécie em São Joaquim, em 2019. Ela foi batizada de Oxypetalum kassneri – Oxypetalum pelo seu gênero e kassneri como uma homenagem ao sobrenome de Anderson.
O profissional explica que o Estado era originalmente coberto por florestas em sua maioria. “Nesses ambientes, a forma de vida que está melhor adaptada ao sol pleno são as árvores, mas a maioria de suas flores não são chamativas, são pequenas, para atrair insetos e polinizadores”, conta.
É no subosque da floresta que se encontram espécies com flores maiores e mais coloridas. Porém, estas preferem ambientes mais sombreados, assim como temperatura e umidade mais constantes.
O ipê amarelo, que floresce em setembro e outubro, é nativo em Santa Catarina e, segundo Anderson, tem uma das flores que mais encanta as pessoas. “Todo mundo quer ter em casa e isso não é muito difícil. É uma planta bem resistente, que cresce em ambientes abertos e não demora a atingir um porte grande”, afirma.

Por que a primavera é ideal para as plantas? k176
A primavera é a estação ideal para o florescimento das plantas. Isso porque o clima começa a esquentar, o fotoperíodo começa a aumentar e a temperatura média dos dias se torna mais adequada.
Essas condições aumentam o metabolismo das plantas, que permite que elas cresçam, produzam flores e frutos, dispersem sementes e se reproduzam com mais facilidade.
Confira 4 dicas para cultivar bem as suas flores: 676143
1. Escolha bem o local
É preciso pensar estrategicamente antes de dar vida a um jardim e permeá-lo com flores. O botânico explica que é importante escolher um lugar de acordo com o que será plantado, bem como se ater a possíveis predadores das plantas. “Não só insetos, mas até animais domésticos podem se interessar pelas folhas ou danificá-las”, comenta.
2. Solo apropriado
Respeitar a condição natural que a planta tem no meio ambiente é fundamental para a saúde dela. “Se for uma planta de pleno sol, é interessante cultivá-la em pleno sol. Se for uma de solo mais arenoso, como as suculentas, é melhor que seja um solo bem drenado”, explica Anderson. No caso de uma costela-de-adão (Monstera deliciosa), que também é nativa em Santa Catarina, um solo ideal seria rico em matéria orgânica, de umidade mais constante.
3. A hora de regar
Essa missão varia conforme a planta. Cactos e suculentas, por exemplo, requerem regimes esporádicos, com intervalos maiores para serem regadas. Já espécies de sub-bosque precisam disso mais constantemente. Orquídeas, conta o biólogo, não demandam muitas regras. “Muita gente planta orquídeas epífitas na terra de forma equivocada, mas, na verdade, é um tipo de planta que se agarra nas outras árvores e possui raízes com estruturas modificadas para tal condição”, comenta Anderson.
4. Adequação
Não é novidade que a primavera é a melhor época para as flores. No entanto, quando a esse período, elas podem enfrentar os mais variados desafios. “Se tirar uma planta de sombra que estava embaixo do mato e plantá-la em pleno sol, ela pode até resistir bem no inverno e na primavera, mas provavelmente vai sofrer no sol quente do verão. Ela não terá todo o potencial ornamental que teria em um ambiente sombreado”, explica.
O biólogo explica que trocar uma planta de lugar de forma repentina pode fazer com que ela morra – é preciso de um período de adaptação. “O início da primavera é o momento ideal para ela se preparar para aguentar o sol ainda mais forte do verão, então não é bom ficar trocando a planta de lugar toda hora. Plantas crescem em direção à luz e se preparam para receber a radiação nesse sentido, não por baixo ou por trás. Se trocar de lugar ou virar, será preciso mais um tempo para ela se adaptar à nova condição”, detalha o profissional.