Réveillon 2024: o que se sabe sobre o espetáculo de drones no céu de Florianópolis 2j3f6d

Após anos de tradição, Florianópolis terá pela primeira vez um Réveillon sem a queima de fogos de artifício, mas prefeitura garante efeitos visuais com show de drones, com luzes, arte e tecnologia 1h1v1k

O Réveillon 2024 em Florianópolis promete ser inédito e pioneiro no Brasil. Isso porque, pela primeira vez, os tradicionais fogos de artifício serão substituídos por um show de drones, integrando um espetáculo de luzes, arte e tecnologia, além de uma série de atrações regionais e nacionais na Beira-Mar Norte e Continental.

Queima de fogos na virada para 2023  em Florianópolis; Réveillon 2024 promete show com drones Queima de fogos na virada para 2023  em Florianópolis; Réveillon 2024 promete show com drones – Foto: Cristiano Andujar/PMF

A ação tem relação com a lei sancionada em 25 de outubro que proíbe a queima de fogos de artifício com barulho em respeito aos mais velhos, pessoas com hipersensibilidade, como autistas, e garante a saúde e segurança dos animais.

Na ponte Hercílio Luz haverá a cascata de fogos sem explosão. Já no céu, serão 300 drones em voos coordenados, além de canhões de laser de grande potência navegando a baía em escunas através de jatos d’água e projeções de imagens em cortinas d’água.

A lei que proíbe fogos na cidade só a a valer 90 dias após a publicação, ou seja, em 23 de janeiro de 2024. Portanto, esta será a última virada na cidade que ainda será permitida a queima de fogos com ruídos. Mesmo assim, por parte da prefeitura, não haverá fogos de artifício nas comemorações de Ano Novo.

O comércio local já sentiu o impacto, como explica o dono de uma loja de fogos, Luciano Machado, que está há 35 anos no ramo.

“Foi proibido todo o uso, manuseio e comércio de fogos de artifício na linha de tiro. O problema, quando se fala em tiro, deixou uma lacuna muito grande, porque agora todo foguete que faz barulho é considerado tiro”, relata.

“Gerou uma queda em torno de 35% a 40% na venda do setor de venda de fogos de artifício na Grande Florianópolis. As pessoas não se sentem seguras em saber se pode ou não pode, se o que ela está comprando é adequado ou não até porque não existem fogos 100% sem barulho, mas sim os com menos ruídos, só que em contrapartida não possuem aqueles efeitos coloridos e bonitos no céu que é o que atrai o consumidor”.

Machado ainda reforça que há algum tempo as fábricas já vêm se adequando na emissão de ruídos, mas acredita que o que pode salvar o segmento a nível de Santa Catarina e no Brasil é uma regulamentação que estabeleça decibéis.

“Assim como o pessoal que se preocupa com as causas animais, das pessoas com espectro autista, dos idosos, que sou obrigado a concordar também, é aprender a incluir e conviver”, diz, citando o trabalho que fez recentemente com a AMA (Associação de Pais e Amigos de Autistas).

“Fizemos uma queima totalmente sem barulho, doamos 2.000 abafadores, cartilhas, demos dicas. A própria associação emitiu uma carta dizendo que não são a favor de acabar com os fogos. Nós temos que aprender a conviver. Vamos dar condições para que elas assistam. A inclusão é isso, poder dar o a tudo e a todos”, declara.

Em julho, foi a primeira vez que o prefeito Topázio Neto (PSD) falou sobre a decisão de descontinuar uma tradição do Réveillon para a maioria das cidades do Brasil e do mundo. A medida foi surpresa para muitos, já que na virada de 2022 para 2023 o show pirotécnico superou o de Copacabana no quesito tempo: o Rio de Janeiro teve 12 minutos enquanto Florianópolis teve 15 minutos de queima de fogos.

“Não é uma decisão fácil, mas é uma decisão madura. Não vejo um Réveillon saudável provocando crises em pessoas e animais. Acho que podemos buscar outras alternativas. Já tentamos fogos com menos barulhos no ado, mas não funciona muito bem. Não é uma questão de quem gosta de fogos e quem não gosta. É sobre quem sofre com isso”, declarou Neto à época.

Réveillon 2024 em Florianópolis é exemplo para o Brasil b3uj

Conforme o secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Ed Pereira, esta foi uma decisão necessária e a prefeitura espera uma boa aceitação do público. “As pessoas vão receber bem porque vamos entregar um grande espetáculo. Montamos todo um conceito de espetáculo, e Floripa, mostrando isso pro Brasil, é um momento de fazermos uma reflexão”, diz.

Em 2020, nos Estados Unidos, a frequência de nascimento de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) foi de uma a cada 36, de acordo com dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. Esses números têm impacto global e são referenciados pelo secretário.

Além disso, Pereira destacou o reconhecimento nacional de Florianópolis pelo engajamento nesta causa.

“A questão de dizermos não aos fogos foi uma estratégia da prefeitura, liderada pelo prefeito Topázio, devido ao reconhecimento nacional do trabalho voltado para os autistas. É crucial refletirmos sobre essa realidade e considerarmos isso como uma pauta significativa para repensar nossas ações”, destaca Ed, ao afirmar que após o Réveillon será realizada uma coletiva de imprensa para esclarecer os detalhes de regulamentação e fiscalização da lei.

Ele ainda reforçou que exceções serão feitas para fogos de artifício com baixo nível de ruído, até 60 decibéis, em eventos culturais, mediante regulamentação do Executivo municipal.

Animais sofrem com os ruídos dos fogos 2s3f3

O impacto negativo dos estouros aos animais observado pelos donos dos animaizinhos foi um dos primeiros motivos que levou a sociedade a discutir a necessidade dos fogos de artifício com barulho.

No caso dos cães, que possuem a capacidade auditiva maior do que a dos humanos, barulhos acima de 60 decibéis causa estresse físico e psicológico nos bichinhos, conforme informações do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária).

De acordo com a médica veterinária e gerente executiva do CRMV-SC (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina), Thalyta Marcilio, os ruídos em alta intensidade dos fogos de artifício desencadeiam ansiedade e medo nos cães e gatos, deixando-os estressados.

“Com o estresse, há uma série de consequências para os nossos animais de estimação. Eles podem desenvolver traumas, ansiedade. Dependendo da intensidade desse som, eles podem inclusive perder a audição. É muito comum eles tentarem se esconder ao ouvirem barulhos. A fuga é uma defesa, autoproteção deles, e pode acontecer acidentes e até se perderem das suas famílias”, explica.

Em relação à lei, Thalyta relata que, pensando na saúde e no bem-estar animal, não há nenhuma desvantagem. “Sabemos que há uma questão comercial envolvida, mas pensando na saúde, no conforto e na segurança desses animais, com certeza a lei vem muito a calhar e só traz benefícios”, finaliza.

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