Após o último episódio do documentário ‘Anita: Amor, Luta e Liberdade’, na NDTV, muitos dos telespectadores devem ter ficado instigados a saber mais sobre a vida de Anita Garibaldi, a ‘heroína dos dois mundos’.

Duzentos anos depois de seu nascimento, a história de Anita e do marido, Giuseppe Garibaldi, segue viva através dos descendentes do casal. São bisnetos e tataranetos que vivem na Itália, mesmo lugar onde a equipe do documentário gravou as entrevistas da produção.
Para demonstrar isso, uma bisneta do casal de revolucionários, que carrega no nome uma homenagem à bisavó, Annita Garibaldi Jallet, esteve no Brasil em 2020 e visitou cidades no Rio Grande do Sul e Santa Catarina em uma ação do projeto “Uma Rosa para Anita”.
História 6tx1n
Anita e Giuseppe tiveram quatro filhos. Um deles, Rosita (1843-1845), morreu por causa de uma infecção na garganta, ainda criança, em Montevidéu. O primogênito foi Menotti Garibaldi, que nasceu em Mostardas, no Rio Grande do Sul, em 1840.
Em 1845, em Montevidéu, nasceu Teresa Giribaldi e dois anos depois veio Ricciotti Garibaldi. Os três foram para a Europa em 1847, com a mãe, cresceram lá, casaram-se e deram continuidade à família Garibaldi.
Netos e bisnestos ‘Garibaldi’ 701w5d
Teresa foi quem mais teve filhos, dando a luz à 16 crianças. Ricciotti casou-se com a inglesa Constance Hopcraft e tiveram oito filhos. O mais velho, Menotti, teve seis filhos.
Uma das netas de Menotti é Costanza Ravizza Garibaldi, curadora da casa onde o avô morou. A bisneta do casal cuida do local para preservar a memória da família.

Quando Anita morreu, Menotti tinha apenas 9 anos de idade. “Ele [Menotti] dizia às filhas: ‘lembrem-se que a minha mãe foi uma mãe muito doce’. Lembramos de Anita como uma heroína, uma guerreira, mas ela foi também uma ótima mãe”.
As suas últimas palavras foram para os filhos, quando se deu conta que estava para morrer disse a Garibaldi: “Giuseppe, as crianças”.
Além disso, a tradição foi mais longe. Filho de Costanza, sco Garibaldi é, atualmente, presidente da Fundação Giuseppe Garibaldi. Ele descreve um pouco sobre as homenagens póstumas dadas a Anita Garibaldi.
“Um historiador de arte me ensinou algo sobre o monumento onde ela foi sepultada, no Gianicolo. Normalmente as estátuas de cavalos galopantes sobre as duas patas traseiras são feitas para líderes que foram mortos em batalha”.
“As únicas duas mulheres que são representadas em um cavalo empinado são Anita e Joana D’arc, e na verdade, nenhuma das duas foi morta em batalha. Joana D’arc foi queimada e Anita morreu doente de malária, grávida. Então, isso significa que elas tiveram reconhecidos a força e o espírito de líderes, e uma honra que normalmente era destinada aos homens, foi concedida a elas”.
Neto de Ricciotti, filho caçula do casal, Giuseppe é presidente do Instituto Internacional de Estudos que leva o nome dele e do bisavô, Giuseppe Garibaldi.
Na sede do Instituto, em Roma, estão documentos que registram a participação de Garibaldi e Anita em várias batalhas, além de objetos e relíquias relacionados ao casal.

Sobre os avós, ele descreve: “Garibaldi se encantou por aquela mulher por muitos motivos. Ela gostava de correr no bosque, andar a cavalo, se jogar no mar nua. Ninguém podia a convencer de nada se ela mesmo não se convencesse”.
Amor e homenagem através de gerações 4e1c6c
Escolhida para participar da homenagem à bisavó, plantando uma rosa na Capital, Anitta esteve no jardim do Palácio Cruz e Sousa para participar do evento.
A rosa, que não está à venda em outros locais, parece ser especial como era Anita. É o que conta o escritor e historiador italiano Giampaolo Grilli, coautor do projeto ‘Uma Rosa para Anita’, que também participa do documentário da NDTV.
“É uma rosa que não existe no comércio. É como o seu criador, Giulio Pantoli, a chamava, uma criatura feita por hibridação. Talvez ele tenha sido o maior especialista em hibridação de rosas italiano, que infelizmente nos deixou em 2018, depois que plantamos os primeiros exemplares de rosa, em Mandriole, na fazenda Guiciolli, onde Anita morreu”.

Para lembrar da ‘bisa’, Anitta usa do amor e do afeto. “A história de Giuseppe e Anita antes de ser uma história política e diplomática, é uma história de amor. E disto não se tem dúvidas, porque como descreve Garibaldi, que não era um poeta profissional, mas escreve numa forma poética, ele a vê e pensa o quanto é bonita, ela o vê e pensa que é encantador e pronto. Já estão no navio juntos”.