Kamala Khan tinha tudo para ser uma adolescente normal. Paquistanesa-americana, a menina é supercriativa e a os dias no mundo da lua, sonhando acordada com fanfics e criando, em sua imaginação, histórias fantasiosas que envolvem seus super-heróis favoritos.
A série funciona, até certo ponto, como um retrato da realidade de muitas jovens atualmente. Tudo muda quando a menina, criada em New Jersey, adquire poderes cósmicos iguais aos que sempre irou nos quadrinhos que lia e nos filmes e séries que assistia.

Com 95% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes, a mais nova série da Disney+, “Ms. Marvel”, fez um estrondoso sucesso em sua estreia nesta quarta-feira (8). Eu assisti ao lançamento do seriado, que contará com episódios semanais, como já é de praxe na plataforma, e trago minhas primeiras impressões.
Bora lá? Cuidado com possíveis spoilers!
Série conquista com carisma de protagonistas
Iman Vellani foi a escolha certa para interpretar Kamala Khan. À vontade em frente das câmeras, a menina age com a naturalidade necessária para a construção da personagem. Com um ar jovial e menos sério, em comparação com as demais produção da Marvel Studios até então, “Ms. Marvel” possui um roteiro leve, recheado de piadas e cativante para todas as idades.

A utilização de cores vivas e recursos animados, que fazem referência às graphic novels lidas por Kamala, auxiliam ainda mais a narrativa. A trama, inclusive, tenta trazer um otimismo para a vida da protagonista, apesar de todas as confusões arranjadas pela menina, principalmente as familiares.
E por falar em família, a história fica ainda melhor quando somos introduzidos aos pais, Yusuf e Muneeba, e ao irmão, Aamir. Em cena, todos os atores se complementam, gerando takes caóticos, mas ao mesmo tempo recheados de emoção.
Compondo ainda o elenco, temos Bruno e Nakia, melhores amigos de Kamala. O trio, apaixonado pelos Vingadores, é o típico exemplo do grupinho nerd da escola – na minha humilde opinião, é o mais legal de todos. Afinal, quem não ama uma boa referência geek?

Juntos, os personagens am um carisma até agora não visto nas séries do MCU, o Universo Cinematográfico da Marvel. Mantendo esse elemento, o seriado possui a chave para continuar sendo uma produção de sucesso da empresa. O que resta agora é esperar pelos próximos episódios para saber se o ritmo continuará o mesmo, até porque tivemos apenas um pequeno vislumbre do que a menina será capaz de fazer com os poderes recém-adquiridos.
Mudança de poderes
Antes da estreia de “Ms. Marvel”, a produtora havia anunciado que os poderes de Kamala seriam modificados. Nos quadrinhos, a menina possuía a habilidade de modificar, esticar ou encolher os seus membros corporais até onde desejasse, por ser uma inumana.
No seriado, os roteiristas adaptaram os poderes de Kamala para que eles remetessem às suas raízes familiares.
Por isso, ela adquire as “novas habilidades” por meio de um bracelete que recebeu como herança. A narrativa mudou também as especificidades desses poderes. Kamala ou a “conjurar” uma espécie de energia cósmica a partir do bracelete.
As grandes modificações, de início, não agradaram os fãs da franquia. Entretanto, elas servem bem ao propósito da série, e também ao MCU, já que a intenção é que ela integre como personagem fixa às outras histórias do universo.
Representatividade em cena
A importância na receptividade de Kamala Khan no MCU não se dá apenas por ela ser uma garota adolescente que está estrelando uma série solo em uma das maiores franquias cinematográficas mundiais.
A protagonista do seriado é muçulmana e a atriz que a interpreta tem descendência do Paquistão. Em vários momentos da série, inclusive, os personagens conversam no dialeto Urdu, de origem paquistanesa, trazendo ainda mais representatividade para a religião.
Esse cuidado com a cultura de Kamala Khan, visto que a franquia possui, em sua maioria, traços norte-americanos bem demarcados, é essencial. Assim, “Ms. Marvel” chega para mostrar como a presença de diferentes culturas só tem a agregar nas histórias que consumimos.