Atletas chegando da Espanha, França, Alemanha, Polônia e, entre elas, uma brasileira. A partir de agosto, elas pertencem ao time de vôlei da Universidade Colby Community College, no estado americano do Kansas. A brasileira é, mais precisamente, de Imbituba, Sul de Santa Catarina.

Depois de completar o ensino médio, a agora ex-jogadora do time de Nova Trento, Júlia Carvalho de Jesus, 17 anos, tem uma bolsa para estudar no junior college por dois anos e, depois, fazer uma graduação. Além disso, vai praticar o esporte que ama em ligas universitárias.
O sonho que a jovem ousou sonhar e partilhou com o jornal ND em junho de 2021, numa série de perfis sobre promessas do esporte catarinense, agora é realidade.
Júlia vai morar, estudar e jogar nas instalações da universidade da cidade de Colby. A mãe, Andreza Carvalho, conta que foi preciso foco e paciência antes da realização.

Estamos muito felizes, porque foi muita dedicação da Júlia. Muito treino, muito jogo. Fomos juntando material e mandamos para a agência que cuida da carreira dela e eles para várias universidades”, lembra Andreza.
A confirmação de Colby veio há cerca de um mês. Foi quando Júlia se despediu de Nova Trento, retornou para a cidade natal e ou a resolver burocracias, como aquisição do aporte.
“É uma sensação bem diferente, mas de realização. Sempre sonhei com isso e agora posso dizer que viver é melhor do que sonhar”, diz a atleta.
Nos Estados Unidos, Júlia terá que conversar só em inglês, pois não vai interagir com brasileiras, mas ela já estuda a língua há cinco anos e acredita numa rápida adaptação.
“Será diferente, porque falar com nativo é bem complicado no início, mas todo mundo diz que é questão de tempo”, enfatiza.
Júlia saiu do Brasil com foco em desenvolver tanto a vida estudantil, quanto a esportiva. “Vou dar o melhor nos dois. Até porque um depende do outro. Estou indo para estudar, mas porque consegui uma bolsa atleta. Tenho que jogar bem e defender a camiseta pra não parar de estudar.”
Entre as preocupações, a adaptação num continente novo, um pouco de receio sobre como será recebida pelo time e o clima da cidade. “É totalmente o extremo. No verão, faz muito calor, no inverno, muito frio e até neve”, comenta.
Fora do Brasil desde sexta-feira (22), Júlia fica quatro dias em Orlando, na casa de amigos de Florianópolis, e chega na quarta-feira (27) à Colby. É quando ela vai conhecer a casa e o time novos e iniciar uma pré-temporada de treino físico com um preparador da Califórnia.
Coordenadora do projeto onde Júlia deu os primeiros saltos em Nova Trento, Vandelina Tomasoni Ribeiro, a Vandeca, está com o coração dividido, mas torcendo pelo sucesso de uma joia que ajudou a lapidar.

“A gente perde, mas ficamos felizes, porque é o caminho que elas têm a seguir. Para nós, é uma alegria trazer a atleta, trabalhar, investir e ver que ela vai dar sequência. Triste é quando a atleta desiste. Fico feliz porque ela está continuando com o esporte e aliando aos estudos”, diz a treinadora.
Além de Júlia, Vandeca ajudou a formar atletas que chegaram a seleção brasileira, a exemplo da oposto/ponteira vice-campeã olímpica em Tóquio, Rosamaria Montibeller.